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quarta-feira, 23 de maio de 2012

Só guerra farmacêutica impede aprovação do Avastin® para uso oftalmológico.





O bastonário da Ordem dos Médicos defendeu esta segunda-feira que só os interesses comerciais das farmacêuticas justificam que o medicamento Avastin® continue sem aprovação do regulador para uso oftalmológico e diz que isso custa dezenas de milhões de euros, avança a agência Lusa.


“Não tem aprovação, porque o laboratório não quer submeter [o Avastin® a] essa aprovação, por uma questão de interesse comercial, prefere vender o medicamento mais caro do que vender o mais barato”, declarou à Lusa José Manuel Silva, bastonário da Ordem dos Médicos.


Na base da alegada guerra farmacêutica, explicou o bastonário, estão dois medicamentos do mesmo laboratório: o Lucentis®, aprovado em Portugal pelo regulador do medicamento – o Infarmed - para o tratamento da patologia oftalmológica degenerescência macular da idade (DMI), e o Avastin®, aprovado para uso oncológico, e sem autorização do regulador para uso oftalmológico, mas recorrentemente utilizado pelos médicos para tratamentos aos olhos.
No entanto, explicou o bastonário, apesar da falta da autorização do regulador, a prescrição do Avastin® para tratamentos oftalmológicos suporta-se num parecer da Ordem dos Médicos emitido no ano passado, com base em avaliações positivas do Consultivo da Política do Medicamento e do Colégio de Oftalmologia, que, por sua vez, se basearam num estudo científico norte-americano financiado por uma entidade pública, “e não pelo laboratório, que não estava interessado no estudo”.



“Não há justificação para não ser utilizado o Avastin® em vez do Lucentis®. As duas moléculas mostraram efeitos semelhantes para essas indicações ao fim de dois anos num estudo científico”, referiu o bastonário.


Segundo adianta, isso “seria mais que suficiente para o Avastin® ter uma aprovação pelas entidades reguladoras para a utilização em oftalmologia”, mas “o laboratório detentor das duas moléculas não está interessado em obter essa aprovação, porque o Lucentis® é muitíssimo mais caro que o Avastin®”.


A diferença de preços entre o Avastin® e o Lucentis® “é abissal”, diz José Manuel Silva, que estima que por cada dois mil euros gastos com tratamentos com Lucentis® se pode gastar apenas 50 euros se a opção for o Avastin®.
Já em Dezembro a Lusa tinha noticiado que os médicos do Hospital de São João foram impedidos de receitar Lucentis® por ser mais caro do que o Avastin®, receitado para o cancro, mas usado na visão.

Esta orientação hospitalar, a que a Lusa teve acesso, data de 02 de Maio de 2011 e opta por um medicamento que, em 2009, esteve envolvido na polémica do acidente que conduziu à cegueira de seis doentes no Hospital de Santa Maria, o bevacizumad (substância activa), cujo nome comercial é Avastin®.
O Avastin® tem autorização terapêutica na área oncológica, mas é usado nos serviços oftalmológicos, em uso off-label, que significa que é utilizado para uma finalidade para a qual não tem uma autorização formal por parte da entidade reguladora.


O bastonário dos médicos esclareceu esta segunda-feira que, apesar da ausência de uma autorização formal por parte do regulador, a utilização ‘off-label’ é uma “prática corrente, normal e ética” por parte dos médicos.


“A utilização de medicamentos off-label é uma prática comum na medicina, se não o fizéssemos quase não exercíamos medicina, porque não é possível estudar tudo com os estudos clássicos. Portanto, fazem-se extrapolações de benefícios quando há fundamentação para isso”, adiantou.


Fonte: RCMPHARMA
Imagem: Google Imagens
Extraído de:
http://consulfarma.com/detalhes_noticias.php?id=134526