por Vitor Cavalcanti | InformationWeek Brasil
crédito: Arquivo Pessoal | Vitor Cavalcanti

De uma visita a Lake Nona, na Flórida
(EUA), a reportagem traz exemplo de uma cidade médica, construída para promover
uma vida melhor e desenvolver a pesquisa e ensino em saúde.
Há quanto tempo você ouve falar de internet das
coisas, mundo conectado e todos os desafios que acompanham esse tipo de
tendência? Tudo aquilo que parecia ficção científica está cada vez mais
presente em nosso dia a dia. Aos poucos, o mundo conectado, similar ao que o
desenho Os Jetsons nos fazia imaginar quando crianças, se concretiza. A parte
boa vem com toda a comodidade de viver em uma sociedade assim. A mobilidade é
facilitada, problemas diversos são resolvidos de forma mais simples e mais
rapidamente. Mas tudo isso tem um custo e alguém precisará estar preparado para
lidar com toda a complexidade que circunda esse mundo moderno e multiconectado.
Em recente evento realizado para clientes em
Orlando, nos Estados Unidos, ao qual a reportagem de *IW Brasil foi convidada a
participar, o presidente da Cisco, John Chambers, ao falar sobre a internet de
todas as coisas (IoE), conceito que a empresa trabalha neste momento, calculou
que, em breve, chegaremos a 50 bilhões de dispositivos conectados, sendo 40%
disso proveniente da comunicação Machine to Machine (M2M). “Hoje a internet
está no momento social e na IOE será de pessoas, processos, dados e coisas.
Trata-se de uma oportunidade de US$14.4 trilhões e
manufatura é a vertical onde reside a maior oportunidade, seguida por varejo,
informação e finanças”, explicou, apontando que o mundo conectado não diz respeito
apenas às residências, necessitando, portanto, estar na agenda de qualquer CIO.
“99% do mundo ainda não está conectado quando se pensa na IoE. E muitas coisas
boas podem acontecer quando você conecta o que está desconectado.”
Durante o mesmo evento, a reportagem teve a
oportunidade de visitar nos arredores de Orlando um projeto que traduz parte da
essência do que vem a ser esse mundo multiconectado. Trata-se de Lake Nona, uma
comunidade que conta com um condomínio ultramoderno, onde as casas são dotadas
de todo o tipo de tecnologia possível, e com o que eles chamam de uma cidade
médica, fundada do zero e construída pensando em como essas conexões podem
contribuir para uma vida melhor, além de melhorar o ambiente de pesquisa, o
ensino em saúde, o tratamento de pacientes e o convívio em sociedade.
Localizado no sul do estado norte-americano da
Flórida, Lake Nona é um esforço conjunto de líderes da comunidade. A ideia
dessas pessoas é transformar a região em uma referência em saúde, a partir do
investimento em educação médica e em inovação.
“Queríamos criar o espaço ideal para inovação por
meio da colaboração, foram aplicados US$ 2 bilhões em construções, criados seis
mil empregos diretos. Não medimos o sucesso, mas o impacto que podemos ter como
um todo. A inovação no século XXI só vem por meio da tecnologia. E um dos
compromissos aqui era fazer da internet de todas as coisas uma realidade para
pacientes, estudantes e médicos”, detalha o vice-presidente do Lake Nona, Thad
Seymour.
Da visita, separamos três exemplos de como eles já
aplicam o conceito de IoE e que tipo de resultado é possível extrair.
Cidade médica Inaugurado em outubro de 2012, o Nemours Children’s Hospital de Orlando, unidade de uma rede com história que remonta a 1935, quando foi fundada a Nemours Foundation, é um hospital infantil totalmente diferente daquilo que se costuma encontrar e não apenas pelo ambiente novo, descontraído e com vista para áreas verdes pensada no conforto dos pacientes. A instituição, parte da cidade média que conta com centro de pesquisa, campus universitário e centro hospitalar, está totalmente preparada para o mundo de IoE, como afirma o CIO Bernie Rice. Rede IP, wireless em todos os espaços, PoE e IPTV estão lá desde a inauguração, e tudo tem sido feito por meio de parceiras com empresas de TI, como a própria Cisco. “Para se ter ideia, um time de logística de cuidados monitora por vídeo os quartos, e em qualquer sinal de irregularidade, eles conseguem falar na unidade ou acionar os profissionais adequados para o atendimento.”
Os 137 leitos do hospital mostram ainda outros
diferencias e como a tecnologia está totalmente integrada à instituição. Já na
entrada, um tablet embutido na parede traz todas as informações, como nome,
estado do paciente, última visita, medicamentos administrados, entre outros.
Dentro o ambiente faz a criança se sentir em casa, seja pelo sistema de
controle das cores das luzes ou pelo de entretenimento que traz, além da
possibilidade de filmes, um arsenal de jogos eletrônicos e materiais educativos.
Uma câmera com qualidade HD monitora tudo o que é feito no quarto. Os médicos,
obviamente, precisam estar abertos a essa nova cultura e o hospital já é um dos
maiores cases de hospital sem papel no mundo.
ResidênciaOutra demonstração em Lake Nona foi a das residências conectadas, boa parte delas já foram adquiridas e estão habitadas. Os sobrados do condomínio Laureate Park são dotados de softwares, hardwares e equipamentos de rede que permitem, por exemplo, videoconferências, aulas remotas e até reuniões corporativas. No caso da localidade, a casa está conectada ao trabalho, hospital, escolas e comunidade como um todo.
Em um dos exemplos, simulou-se uma criança
adoentada na casa, mas que não demandava uma internação hospitalar. Com o
equipamento cedido pelo hospital, uma espécie de quiosque com tela de
videoconferência e alguns aparatos médicos, a mãe e a criança interagiam com o
médico. No caso, a responsável pelo menor posicionou o estetoscópio para que,
do hospital, o médico ouvisse os batimentos cardíacos e a frequência pulmonar
da criança, a fim de avaliar a evolução da paciente. Toda a interação acontecia
por meio de videoconferência e as informações coletadas com os dispositivos
enviadas diretamente para o prontuário eletrônico do doente.
Já na sala, o que parecia um ambiente comum para
receber visitas ou mesmo assistir a um filme se converteu em uma sala de
reuniões e, em poucos segundos, em uma sala de aula. Obviamente, a banda larga
e a própria infraestrutura local é bastante demandante e precisa ter boa
qualidade para que tudo ocorra sem qualquer prejuízo.
Educação
O último exemplo extraído vem do Stanford-Burnham Medical Research Institute. Lá eles tem trabalhado para aproveitar o máximo possível a tecnologia na melhoria da educação em saúde. Como frisou Deborah German, da University of Central Florida Medical School, eles querem usar a TI para treinar os médicos do amanhã. “A tecnologia está no DNA da cidade médica e fomos os primeiros a dar laptop e depois um iPad para todos os estudantes. A biblioteca é 99% digital, tendo apenas 800 volumes físicos, e contamos com uma atualização constante e isso é para prover informação a qualquer hora e em qualquer lugar.”
Uma das propostas de integrar a
TI à educação é tentar usar a tecnologia para fazer coisas que eles ainda não
conseguem enquanto profissionais médicos ou mesmo melhorar procedimentos
existentes. “Os estudantes podem ir para casa depois de uma aula e acordar às
três da manhã com o celular tocando porque o paciente virtual está passando mal
e, na frente do computador, ele conseguirá simular um atendimento à distância.
Estar numa cidade médica é a melhor coisa para uma universidade. Aqui está o
conhecimento por meio de pesquisa, da educação e por meio do cuidar do
paciente.” O último exemplo extraído vem do Stanford-Burnham Medical Research Institute. Lá eles tem trabalhado para aproveitar o máximo possível a tecnologia na melhoria da educação em saúde. Como frisou Deborah German, da University of Central Florida Medical School, eles querem usar a TI para treinar os médicos do amanhã. “A tecnologia está no DNA da cidade médica e fomos os primeiros a dar laptop e depois um iPad para todos os estudantes. A biblioteca é 99% digital, tendo apenas 800 volumes físicos, e contamos com uma atualização constante e isso é para prover informação a qualquer hora e em qualquer lugar.”